7 - Rosa e os Papas
É
sensível a admiração e carinho que sucessivos Papas manifestaram por Santa Rosa
ao longo dos séculos, desde Inocêncio IV e Alexandre IV, seus contemporâneos,
até os mais recentes. Tal carinho faz parte da glória póstuma desta corajosa
menina, que ousou enfrentar o poderoso Imperador Frederico II e os heréticos de
seu tempo em defesa da Fé Católica e do Papado.
O Papa Pio XII, por exemplo, em carta endereçada ao Arcebispo de Viterbo e Tuscania, Dom Adelchi Albanesi, por ocasião do VII Centenário da morte da santa, isto fica patente. Escreveu este Sumo Pontífice[1]:
(...)
por esta circunstância não serão somente os compatriotas a celebrar a
comemoração de uma virgem tão notável, juntamente com os franciscanos
terciários, em cujas fileiras ela militou e entre os jovens da Ação Católica,
que a veneram como sua sublime patrona, mas também será toda a Igreja
universal, que nela aponta um esplêndido exemplo vontade cristã.
De
fato, esta flor tão admirada se destaca e derrama suave perfume nos jardins da
Igreja, que é bem adequada a sentença divina: "Tendo chegado rapidamente
ao termo, percorreu uma longa carreira" (Sb 4, 13). Na verdade, recordando
os nossos pensamentos, a Sua vida, tão curta, restrita ao ciclo de
adolescência, embora já amadurecida na perfeição evangélica, não saberíamos o que
admirar mais: se a pureza da alma, preservada intacta desde a mais tenra idade,
ou o milagres maravilhosos operados e as
santas batalhas travadas, revelando o seu temperamento excepcional, forte e
valente, por natureza, mas ainda intimamente alimentados e corroborados pela
graça divina. Essa fortaleza de alma resplandeceu provada, quando foi
confrontada em empresas nada comuns, as quais, donzela, foi chamada, não sem
uma disposição do céu, naquela pouca idade. Isto é: para acabar com a discórdia
dos concidadãos, para reformar os costumes, para erradicar os hereges, e
reivindicar com luta vigorosa os direitos espezinhados da Igreja.
Abandonou,
então, a casa paterna, onde, por amor da solidão, tinha na oração e na
contemplação iniciado um padrão de vida extremamente austero, por inspiração
divina, com tal fervor generoso se lançou no campo aberto do apostolado para se
tornar sentinela invencível de Cristo e defensora incansável da palavra divina.
Foi certamente um espetáculo edificante, e de fato digno de Deus, que
"escolheu o que é fraco no mundo... para confundir os fortes" (Cor.
1, 27) ver esta iletrada filha de São Francisco, sem nenhum apoio humano, mas
forte unicamente da ajuda de Deus, tomar as praças, pelas ruas, a encorajar o
povo, a refutar os erros, e opor-se de coração aberto à arrogância dos tiranos.
Em
vão, os oponentes tenazes empenharam-se com truques diabólicos para
silenciá-la: a perseguição, as armadilhas, até mesmo o exílio, não puderam
assombrar a jovem indefesa, não a dobraram nunca! De fato ocorreu, felizmente,
que vários desviados retornaram para o caminho certo da fé, de modo que muitos
erros foram debelados, e seguiu-se um reflorescimento saudável dos costumes
naquela cidade, que muitas vezes Santa Rosa consolidava, protegida por Deus,
com milagres estupendos .
Esta
flor de imaculada beleza, tão cedo transplantada para o canteiro de flores do
Paraíso, apenas por um curto tempo na terra derramou a sua fragrância. Mas o
mundo conservou o perfume: ainda em sua cidade, seu corpo venerável é o objeto
de profunda veneração pelos concidadãos e estrangeiros; e é tão profundamente
impresso nas almas a lembrança de suas virtudes que em Viterbo parece que dessa
santa menina qualquer coisa ainda paira e sobrevive.
Saibamos
especialmente dela, nas contingências de hoje a favorecer com todas as forças
as obras de apostolado que não devem ser totalmente consideradas como
exclusividade do clero...
Movidos
pelos exemplos de Santa Rosa – que para o atendimento de urgência das almas, em
vez de fechada no monastério, que tanto, mas em vão suspirou, lançava-se,
mensageira viva da caridade no meio das massas populares - todos os membros do laicato católico,
reconsiderem seus compromissos sagrados com o Batismo e fortalecidos novamente
pela poderosa vitalidade da divina Confirmação, para não permanecerem
conjuntamente inertes da militância cristã ...
Como assinala Paolo Cenci[2], tal depoimento é uma verdadeira “síntese da prodigiosa existência de Rosa”.
Mais recente, ainda, podemos tomar como outro exemplo a exortação de São João Paulo II a seu respeito, ao afirmar[3]:
Em
Santa Rosa, vemos um exemplo dessa adesão generosa e total à chamada divina. Em
sua curta vida, a convicção heroica com a qual era capaz de aceitar em sua vida
a Palavra de Deus nos torna conscientes da extensão e intensidade com que ela
viveu a sua lealdade incondicional de Deus. É admirável nessa jovem a profissão
pública da sua fé: uma atitude que denota sua dedicação ao bem comum da
sociedade e da Igreja, o que constitui um dos componentes essenciais do amor
cristão ao próximo, fundado, como sabemos, em ouvir e praticar a vontade
divina. É, de facto, a partir de sua intimidade com Cristo, o Senhor, e a
disponibilidade ao seu Espírito, que Rosa tomou essa maravilhosa sabedoria e
força que lhe permitiu realizar seu apostolado, apesar das dificuldades e da
oposição que encontrou. Por estas razões, apesar das profundas mudanças dos
tempos, é importante ponto de referência para todos os jovens e mulheres
cristãs que querem realizar em plenitude, e com verdadeira liberdade, a
dimensão social e eclesial da sua personalidade.
[1] CENCI, 1981, pg 20-23.
[2] op. cit., pg 23.
[3] Discorso di Giovanni Paolo I
alle Suore Raccolte nel Santuario di Santa Rosa. Domenica, 27 maggio 1984.
Que exemplo de cristandade dessa menina...rogai por nós!
ResponderExcluirAmém!
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